sexta-feira, abril 22, 2005

Palácio dos Távoras



MirandelaTávoras

No ponto mais elevado do cabeço outrora denominado de S. Miguel e para o qual foi transferida a vila de Mirandela em 1282, e talvez mesmo no próprio local existiu a alcáçova de D. Dinis mais tarde aforada para lhe evitar a ruína, construíram os Távoras um palácio para sua residência acidental. Esse palácio tal como existia em 1963 é assim distrito no tombo desta data.
Como a reedificação do Paço coincidiu com o da igreja matriz, sua vizinha, crê-se que nisto andou a vontade do marquês de Távora (servida pelo consentimento do reitor João Pinto Cardoso), conseguindo a troco de auxílios pecuniários e de material de construção que o templo se erguesse um quase nada desviado para o sul a fim de mais desafrontado ficar o seu novo Paço. O que leva a crer em tal deslocamento é o facto de no chão de rocha correspondente ao que teria sido o anterior pavimento do corpo da igreja, e que faz hoje parte do largo em frente do paço, se conheceram ainda não há muitos anos distintamente talhadas na rocha sepulturas de diversos tamanhos.
Desaparecidos os Távoras, passou o Paço em 1768 com os mais bens do morgado, como já dissemos, para a posse dos condes de S. Vicente. O auto de posse do Paço, etc. é datado de 28 de Abril daquele ano, e diz que o alcaide do concelho entregara ao procurador do empossado as casas do Passo com todas suas pertenças. O próprio Paço quase se deixou ao abandono, não lhe fazendo reparações algumas, chegou ao ponto de nele chover como na rua, não podendo por isso continuar a servir de aposentadoria aos corregedores ou provedores que em serviço vinham a Mirandela. A ultima vez que ali se aposentou um destes funcionários foi em 1814.
A capela, que lhe ficava contígua, já em 1818 se achava em tal estado, devido á incúria anterior, que o administrador de então, para salvar ainda o que dentro dela havia, teve de entregar tudo, até o próprio sino, à guarda da Santa Casa da Misericórdia, em cuja posse se encontram, sem que nunca houvessem sido reclamados, tais objectos.

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