quarta-feira, abril 13, 2005

Gaita de Foles

gaitatrs

Em Trás-os-Montes existe um tipo de gaita, de construção artesanal, semelhante morfologicamente à gaita sanabresa ou alistana, (de Sanabria e Aliste, comarcas espanholas fronteiriças), mas com características algo diferentes; possui um ponteiro de furação larga, de digitação aberta, preso no pescoço de um fole de cabrito, com um ronco, maciço, pesado, preso na pata direita e o soprete preso na pata esquerda; a tonalidade oscila entre Si, Si bemol e Lá, dependendo dos artesãos. Possui uma escala peculiar, com intervalos de meio-tom entre algumas notas; trata-se de uma escala não-temperada que tem despertado a atenção de numerosos etnomusicólogos.

A generalidade das gaitas deste tipo parecem seguir mais ou menos esta escala não-temperada, semelhante às escalas usadas na flauta pastoril e nas tonalidades vocais utilizadas na região.
Também aqui a formação mais habitual é o grupo de Gaiteiro, Caixa e Bombo, sendo que o gaiteiro abre as festas sazonais com Alvoradas, acompanha habitualmente as procissões e as danças de "L's Palos" (mais conhecidos por "pauliteiros").
As práticas musicais e os próprios materiais de construção dos instrumentos estão profundamente envolvidos no contexto agro-pastoril desta região. Esta gaita está a tornar-se bastante popular e há cada vez mais tocadores jovens a interessar-se pela características próprias do instrumento e a querer preservá-las intactas, sendo que nos últimos anos em Trás-os-Montes e Miranda do Douro, se tem verificado uma revitalização cada vez maior das práticas musicais associadas a ele. Curiosamente, também fora da área geográfica transmontana existe um certo público urbano que se interessa cada vez mais por este instrumento.

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