terça-feira, abril 26, 2005
Recordações
Agora, vamos tentar preservar tudo o que vivemos neste fim de semana, quer através da edição dos filmes, gravações e fotografias. No blog e em formato DVD e/ou CD.
sexta-feira, abril 22, 2005
Torre de D.ª Chama: lenda
Idênticas esculturas encontram-se nas províncias vizinhas de Salamanca e Zamora. Em Portugal são desconhecidos fora da região transmontana.
No Outeiro sobranceiro à vila, onde têm aparecido várias antigualhas romanas e pré históricas, é que segundo a lenda, existia a torre habitada por D. Chama, castelã lúbrica, sempre pronta a dormir com quantos cavaleiros a procuravam e, para que não divulgassem o segredo de que tinha pernas de cabra, mandava-os matar no dia seguinte. Um dos mais ardiloso tirou-lhe o anel do dedo enquanto dormia e, ao sair, apresentou-o aos guardas do castelo como sinal de aliança com a dama, que o deixaram passar.
Quando acordou e deu por falta, mandou os criados após o fugitivo, gritando-lhe: a dona chama, a dona chama; de onde o nome de D. Chama à vila, mas nada conseguiram, e então ela, vendo-se desacreditada e descoberto o segredo, ficou encantada com os seus tesouros e a lira popular a dedilhar (Alves, 1934):
D. Chama chamorra
Pernas de cabra
Cara de senhora
Palácio dos Távoras
Como a reedificação do Paço coincidiu com o da igreja matriz, sua vizinha, crê-se que nisto andou a vontade do marquês de Távora (servida pelo consentimento do reitor João Pinto Cardoso), conseguindo a troco de auxílios pecuniários e de material de construção que o templo se erguesse um quase nada desviado para o sul a fim de mais desafrontado ficar o seu novo Paço. O que leva a crer em tal deslocamento é o facto de no chão de rocha correspondente ao que teria sido o anterior pavimento do corpo da igreja, e que faz hoje parte do largo em frente do paço, se conheceram ainda não há muitos anos distintamente talhadas na rocha sepulturas de diversos tamanhos.
Desaparecidos os Távoras, passou o Paço em 1768 com os mais bens do morgado, como já dissemos, para a posse dos condes de S. Vicente. O auto de posse do Paço, etc. é datado de 28 de Abril daquele ano, e diz que o alcaide do concelho entregara ao procurador do empossado as casas do Passo com todas suas pertenças. O próprio Paço quase se deixou ao abandono, não lhe fazendo reparações algumas, chegou ao ponto de nele chover como na rua, não podendo por isso continuar a servir de aposentadoria aos corregedores ou provedores que em serviço vinham a Mirandela. A ultima vez que ali se aposentou um destes funcionários foi em 1814.
A capela, que lhe ficava contígua, já em 1818 se achava em tal estado, devido á incúria anterior, que o administrador de então, para salvar ainda o que dentro dela havia, teve de entregar tudo, até o próprio sino, à guarda da Santa Casa da Misericórdia, em cuja posse se encontram, sem que nunca houvessem sido reclamados, tais objectos.
Alheiras de Mirandela
Actualmente, as “alheiras de Mirandela”, impõem-se pela qualidade gastronómica e de fabrico, desejando-se que a garantia da sua qualidade e genuinidade passe a curto ou médio prazo pela criação de uma “região demarcada” e simultaneamente pela constituição de uma associação de fabricantes de alheiras.
Ponte de Mirandela: Lenda
Mirandela (2)
Mirandela
Peredo dos Castelhanos
Aparece referida em vários documentos antigos, principalmente a partir das inquirições de 1258.
As suas gentes dedicam-se essencialmente à agricultura e á pecuária. Produzem muita amêndoa, azeite e vinho. Criam ovelhas, vacas e bois. É servida por um autocarro diário.
Em Peredo dos Castelhanos, indo através das Eiras, pode-se subir á tradicional Capela da Srª. Da Glória, onde a vista se alonga e delicia pelas altas e abundosas montanhas e vales em redor, pelas encostas íngremes ou pelo respeitoso Douro lá no fundo. Grande número de povoados e a vizinha Espanha também se podem admirar.
Possui uma Igreja Matriz, agradável de se ver.
A pureza do ar e da Terra e a boa harmonia com o encanto da natureza, transformam Peredo dos Castelhanos num lugar que bem merece estar na rota dos turistas.
quinta-feira, abril 21, 2005
Dormida em Moncorvo
Especialidades: cabrito à Campos Monteiro e posta à Campos Monteiro.
Bom apetite!
Campos Monteiro
Poiares: gastronomia
Poiares: a tradição das alcunhas
O povo da minha aldeia
Pacato e trabalhador
Mesmo na sua odisseia
Nunca perde o bom humor
È ordeiro e tolerante
A seu modo cativante
Calha bem em todos nós
È chistoso, tem chalaça
Alcunha com muita graça
Isto vem dos seus avós
Na minha aldeia as alcunhas
Pelo seu uso normal
A meu ver são testemunhas
De um convívio fraternal
Das que são mais engraçadas
Citarei o Ti Cortiçadas
O Semeú e o Ti Rilhão
E agora me está lembrando
O velho Ti Cagandando
O Bilontras e o Purrão
E visto dar-me na telha
Citarei o Ti Rinhau
Mais o Ti Queixo da Velha
E o velho Ti Calhabau
O Prinol e o Ti Zambumba
O Ti Polho e o Ti Caçumba
O Moscanho e o Patacão
Mas no tempo que isto foi
Existia o Ti Põe Põe
O Canista e o Cagão
Vem agora o Ti Sachola
O Chibano e o Marantéu
O Pilheiro, o Sarabola
O Botalame, o Balhéu
O Pachorgas, o Ti Cucu
O Proche que foi maluco
O Boleira e o Zé Cão
O Ti Espreita, o Ti Mocho
O Bandalha, o Ti Chôcho
O Faringas e o Janão
Também entram na parada
O Piriquito, o Palê
O Chicote e o Faisenada
E o Chorinca por mercê
O Cacipreto, o Caraço
O Canote, o Ti Velhaco
O Tornesos, o Ti Landum
O Bonanzola, o Pachana
O Gandona, o Laritana
O Pilatos e o Catum
Na minha aldeia a chalaça
È deveras singular
A todos enche de graça
Só a mim me faz chorar
Poiares: terra de lendas (2)
Reza a lenda que S. Paulo era o protector dos pastores, e que em dada altura surgiu uma epidemia de morte no gado caprino e ovino desta região. Os pastores andavam aterrorizados com as baixas nos seus rebanhos. Um deles mais aflito, dirigiu-se à Capela de S. Paulo, e com toda a devoção, prometeu ao santinho o melhor exemplar da sua peara para que ele afasta-se a peste que estava a dizimar o seu rebanho.
E o santinho da sua devoção fez o milagre e a peste desapareceu. Impunha-se à consciência do pastor, simples e crente, cumprir a promessa. Para isso escolheu a cabrinha mais bonita e aleitada do seu rebanho, prendeu-a a uma corda e foi até à capela entregá-la como se fosse um precioso tesouro. Ao chegar ao altar do santo disse: _”Ò Senhor, Vós salvastes o meu rebanho da morte certa, e como prometi aqui estou com o melhor exemplar da minha peara. È Vossa. Tomai-a , que a dou de boa vontade”.
Porém, notando que o santo não fizera qualquer menção de aceitar a oferta, foi-lhe dizendo ao mesmo tempo que a ataria a um dos seus braços e que ali a deixava para que fizesse do animal o que bem entendesse. Depois saiu da capela e dirigiu-se ao monte para apascentar o seu rebanho. Já no monte ouviu um grande barulho, e voltando-se para o lado viu a imagem de S. Paulo sendo arrastada pela cabra e na sua ingenuidade gritou: _” Ò S. Paulo, mãos de aresta, agarra-te a essa giesta!”
Mas o santo continuava a ser arrastado pelo animal e ele gritou de novo: _” Ò S. Paulo mãos de aranha, agarra-te a essa arreçanha!”
O certo é que nesse momento o santo se agarrou a duas arreças e ficando de pé deteve o animal pela corda. O pastor então aproximou-se do santo e na sua ingenuidade pensou que o santo não podia ficar com a cabra pois não tinha quem lha guardasse e ofereceu-se para tomar conta dela. Levou o santo para a capela e enquanto o animal foi vivo e sempre que por ali andava com o seu rebanho ia à capela dar louvores a S. Paulo assim como notícias da sua cabrinha.
Poiares: terra de lendas
Reza a lenda que em tempos antigos tudo por estes lados eram barrancos e precipícios medonhos, sem haver um atalho sequer.
Sobre a ribeira não havia ponte nem coisa mais ou menos rudimentar que a substitui-se.
Uma noite passou por ali um viajante a cavalo e como tinha que continuar a jornada e isso lhe era impossível, no meio do seu desespero pediu a Deus ou ao diabo que lhe valessem em tão apertada conjuntura. Foi o diabo que lhe apareceu primeiro e lhe disse: _”Se me deres a tua alma, antes de cantar o galo preto, te darei uma estrada e uma ponte para seguires a tua viagem sem o mínimo de perigo.” O cavaleiro aceitou, e o diabo pôs logo mãos a obra, mas quando o infernal pedreiro conduzia as últimas duas pedras para a ponte, canta o galo e o homem pôde atravessar o seu caminho sem comprometer a alma, e o diabo fugiu.
E ainda hoje qualquer pessoa que visite a Calçada do Diabo pode ver na ponte o lugar onde as últimas duas pedras deveriam ser colocadas caso o galo não tivesse cantado.
Poiares (2)
Fica situada numa bacia hidrográfica que se situa entre uma linha de alturas em forma de ferradura com os seus pontos culminantes nos marcos geodésicos da Cruz (648 metros), do Calvário (711 metros), do Penedo Durão (727 metros) e da Ferreira (619 metros).
Poiares é uma aldeia simples de tipo transmontano que se tem desenvolvido lentamente desde longa data. Segundo dados obtidos em 1950, a emigração de muitos dos seus habitantes não permitiu maior desenvolvimento populacional. Em 1865 tinha 225 fogos e 855 habitantes, e em 1900 rondava os 880, em 2001 contava apenas com 593 habitantes.
Esta desertificação deve-se em parte à fuga das pessoas para o estrangeiro e para as grandes cidades do litoral português procurando uma qualidade de vida que na nossa aldeia parece não querer surgir. È que a actividade quase única ainda continua a ser a agricultura, que nem sempre dava os rendimentos e empregos/riqueza para muitos dos seus naturais. Aqui produz-se azeite, azeitona de conserva, vinho, laranja, milho, trigo (antigamente era mais centeio), mel e cera. Possui também algum gado ovino e caprino.
quarta-feira, abril 20, 2005
Sé de Moncorvo
É uma obra maneirista, austera e de linhas severas, com contrafortes pronunciados e dominada pela exuberância e altura da fachada principal. Esta divide-se em dois corpos verticais sobrepostos: o inferior, que corresponde ao portal principal e às duas ordens de nichos que o sobrepujam, e o superior, formado integralmente pela maciça torre sineira.
O interior do templo encontra-se organizado segundo o esquema de hallenkirchen (igrejas-salão), sendo os cinco tramos das naves abobadados à mesma altura. Nas suas proporções e disposição geral, o interior revela a mesma austeridade e racionalidade do exterior, como se testemunha na longa série de tramos do corpo da igreja simetricamente abobadados.
A capela-mor ostenta na parede fundeira um retábulo barroco de talha dourada, e nas paredes laterais frescos alusivos a cenas bíblicas, entre as quais uma Última ceia. Outra notável campanha moderna foi a que deu origem ao retábulo lateral na nave do Evangelho, do século XVII, e com painéis alusivos à Paixão de Cristo.
Torre de Moncorvo (3)
Em sua honra, a Câmara Municipal de Torre de Moncorvo organiza a Festa das Amendoeiras em Flor (em Fevereiro e Março), onde o visitante também pode aproveitar para desfrutar da saborosa gastronomia local.
Mas não é só nesta época que vale a pena visitar o concelho. A vila orgulha-se das suas ruas de traçado medieval e, sobretudo, da magnífica Igreja Matriz, do século XVI, com o seu retábulo setecentista que exibe cenas da vida de Cristo. Do castelo, ficaram restos da muralha e o curioso Arco da Senhora dos Remédios.
Perto da vila, na povoação de Adeganha, o visitante pode admirar um interessante templo romano-gótico do século XIII.
Na antiga povoação de Urros (fundada em 1172), ainda é possível encontrar colchas de borboto e felpa, tapetes, mantas de farrapos e sacos e toalhas de linho pacientemente feitos por algumas tecedeiras.
Mas é sobretudo agradável provar a doce especialidade da região: as amêndoas, como não podia deixar de ser, sobretudo as cobertas com uma fina camada de açúcar branco ou com chocolate e canela.
Torre de Moncorvo (2)
Igreja Matriz de Moncorvo
A fachada principal, inserida numa imponente torre de cantaria que lhe acentua a verticalidade, ostenta um portal renascença de arco pleno, flanqueado por dois pares de colunas coríntias assentes em plintos comuns. Entre os colunelos, duas edículas e duas imagens. Sobre o entablamento, surge outro conjunto iconográfico, constituído por três imagens entre colunas da mesma ordem mas menores, dentro de nichos barrocos, recortados em concha. Rematando a composição, rasga-se uma janela envidraçada também de arco pleno, recortada entre dois colunelos e sobrepujada por um frontão vazado assente na arquitrave.
A igreja possui quatro altares laterais, sendo os do lado da epístola dedicados a Santo António e às Almas e os do lado do evangelho dedicados a Nossa Senhora do Rosário e aos apóstolos Pedro e Paulo.
A capela-mor, quase da altura das naves, apresenta igualmente uma bela abóbada de pedra, já não polinervada, mas esquartelada e pintada, fingindo caixotões.
O altar-mor ostenta um precioso retábulo setecentista, executado em 1752 por Jacinto da Silva.
As paredes estão pintadas com frescos da autoria de Francisco Bernardo Alves, representando a "Última Ceia" e "A Virgem Comungando". Sob os frescos subsistem as duas filas do antigo cadeiral do cabido.
Acesso: Largo General Claudino e Dr. Balbino Rêgo
Protecção: Monumento Nacional, Dec. 16-06-1910, DG 136 de 23 Junho 1910.
Torre de Moncorvo
Chegada prevista pelas 13:30 horas de sábado.
Encontram-se percorridos 220 km.
O almoço será no "Lagar", lugar afamado pelas suas comidas transmontanas.
terça-feira, abril 19, 2005
segunda-feira, abril 18, 2005
quarta-feira, abril 13, 2005
Gaita de Foles
Em Trás-os-Montes existe um tipo de gaita, de construção artesanal, semelhante morfologicamente à gaita sanabresa ou alistana, (de Sanabria e Aliste, comarcas espanholas fronteiriças), mas com características algo diferentes; possui um ponteiro de furação larga, de digitação aberta, preso no pescoço de um fole de cabrito, com um ronco, maciço, pesado, preso na pata direita e o soprete preso na pata esquerda; a tonalidade oscila entre Si, Si bemol e Lá, dependendo dos artesãos. Possui uma escala peculiar, com intervalos de meio-tom entre algumas notas; trata-se de uma escala não-temperada que tem despertado a atenção de numerosos etnomusicólogos.
A generalidade das gaitas deste tipo parecem seguir mais ou menos esta escala não-temperada, semelhante às escalas usadas na flauta pastoril e nas tonalidades vocais utilizadas na região.
Também aqui a formação mais habitual é o grupo de Gaiteiro, Caixa e Bombo, sendo que o gaiteiro abre as festas sazonais com Alvoradas, acompanha habitualmente as procissões e as danças de "L's Palos" (mais conhecidos por "pauliteiros").
As práticas musicais e os próprios materiais de construção dos instrumentos estão profundamente envolvidos no contexto agro-pastoril desta região. Esta gaita está a tornar-se bastante popular e há cada vez mais tocadores jovens a interessar-se pela características próprias do instrumento e a querer preservá-las intactas, sendo que nos últimos anos em Trás-os-Montes e Miranda do Douro, se tem verificado uma revitalização cada vez maior das práticas musicais associadas a ele. Curiosamente, também fora da área geográfica transmontana existe um certo público urbano que se interessa cada vez mais por este instrumento.